Ex-candidato diz que Jabes é coronel e a Câmara uma ´Casa de Conveniência´
Ex-candidato a prefeito de Ilhéus pelo PSOL, o servidor público Jorge Luiz assina um artigo, publicado com exclusividade pelo Blog do Gusmão, em que faz sérios ataques ao prefeito Jabes Ribeiro e à Câmara de Vereadores do município. O primeiro, Luiz denomina de "coronel" da política sulbaiana. Já a Câmara, ele intitula de "Casa de Conveniência", ao atender os interesses do prefeito em detrimento às necessidades da população.
Jorge Luiz é duro em suas análises. Relembra processos que se arrastam pelos tribunais, destaca a necessidade de "sobrevivência" (isso mesmo, entre aspas) dos vereadores locais e sobrou até para o povo de Ilhéus que, segundo ele, em 2012 teve a chance de desenhar um novo rumo mas "não se reconhece no processo administrativo". Abaixo, na íntegra, o artigo assinado por Jorge Luiz.
Desde os anos 1990, as contas dos gestores da prefeitura de Ilhéus não são aprovadas (na íntegra) pelo TCM (Tribunal de Contas dos Municípios). Ou foram rejeitadas ou aprovadas com ressalvas. Os dados são do próprio tribunal.
Portanto, ao contrário do que manda o figurino da boa administração pública, são quase 25 anos sem a aprovação integral de uma conta sequer de nossos prefeitos.
Nesses anos “dourados” pela propaganda e malversação do dinheiro público, tivemos figuras descomprometidas à frente de nosso município. Seus interesses? Ampliar a miséria para a maioria desassistida de Ilhéus e tornar setores (do velho e viciado mercado político) cada vez mais íntimos dos segredos dos cofres públicos.
Por meio de projetos digeridos por seus apaniguados de plantão, governantes ignoraram as necessidades essenciais da população e nos conduziram até essa condição atual.
Esses governos parecem trens desgovernados que descarrilaram sobre as cabeças dos ilheenses mais pobres. Para fazer jus à própria história, Ilhéus precisa implantar e resgatar valores sagrados da administração pública.
O corpo abatido da nossa cidade enfrenta uma “hemorragia administrativa” que já dura vinte anos e parece não ter fim. Como atestam os olhos do magnânimo tribunal, nossa sangria desatada atravessa as décadas.
Que o santo do prefeito Jabes Ribeiro é forte eu não tenho dúvida, porém, ele usa esse poder sagrado ao seu favor e contra a população da cidade. Por isso, parte dos ilheenses já o reconhece como inimigo do futuro do município. Não se trata de questionar a legitimidade indiscutível dos seus quatro mandatos. A questão é: onde os governos de JR nos deixarão?
Jabes representa a continuidade do coronelismo regional. Em plena “era do Whats’App”, quando experimentamos os avanços da comunicação social, o cidadão ilheense não pode saber o que se passa nas antessalas do Palácio Paranaguá. O governo menospreza a Lei de Acesso à Informação, como faz com outros direitos do povo.
O que é a política, senão a arte de administrar bem os bens do povo? Afinal de contas, desde a minha infância escuto promessas dos políticos de ilhéus. Dizem que vão zelar pelos nossos bens, isto é, o bem público, no entanto, o órgão fiscalizador (TCM) desmonta esses discursos desde o século passado.
Quanto de dinheiro nossos gestores ainda devem aos cofres do município? Processos e mais processos desses ditos homens públicos se arrastam pelo salão da eternidade dos tribunais. Devoluções raramente acontecem. Por isso, faltam recursos para realizar as melhorias que a cidade precisa.
Falta dinheiro? Não tem problema. Na calada da noite e com o apoio da sua bancada subserviente, JR conseguiu aprovar empréstimo junto à Caixa para melhorar a situação dos morros de Ilhéus. Isso é o que está posto. É bom que fiquemos “de olhos abertos” para que o recurso seja aplicado nessas obras.
Também é bom lembrar que as obras nos morros já deveriam ter sido feitas em um dos mandatos anteriores de JR. De toda forma, nos restam a democracia coronelista de Jabes e a “loja de conveniência” que ele instalou na Câmara para atender as necessidades de “sobrevivência” da maioria dos vereadores, nobres parlamentares que auxiliam o chefe do Executivo a negar o destino promissor que Ilhéus precisa construir.
Jabes se orgulha de ter suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município. O que deveria ser regra virou exceção. Contabilistas de primeira linha disseram que “só um milagre das alcovas” poderia salvar o prefeito. Não vejo motivo para orgulho. Manobras assim devem encher a sociedade ilheense de vergonha.
As eleições de 2012 desenharam um rumo que deveríamos tomar e não tomamos. O povo de Ilhéus não se reconhece no processo administrativo.
Os quatro mandatos de Jabes Ribeiro falam por si. Se Ilhéus vai mal das pernas ao ponto de ter que tomar dinheiro emprestado para se endividar, Jabes é um dos que tem a maior culpa em nosso cartório.
Oxalá, aprendamos com os erros de administrações passadas para construirmos os acertos do futuro radiante que o povo de Ilhéus detém em sua especial energia humanitária.